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Apontamentos do cotidiano imaginário

Breves histórias inspiradas em imagens colhidas casualmente na navegação pela Internet (Orkut, Facebook e Twitter). Os textos são fictícios e livres, sem qualquer conhecimento do instante capturado na foto.
Fricicionar por Aurélio


Reprodução  
Mar


á estávamos esperando toda uma tarde por ele. Ela sentou-se numa pedra e, para passar o tempo, começou a reparar nas pessoas que passavam. "Aquele, de chapéu Panamá, parece o professor de história, mas nunca seria, veja só, não tem alegria alguma. E anda como um caranguejo!" Ela ria. E continuava a observar os que passavam ou entravam no mar. "Ninguém quer nadar. Esfriou... Ficam ali, de pé, na água, conversando." E suspirava, encardindo os olhos de crepúsculo: "E ele, que não vem..."

Eu ficava olhando: ela, o mar, o céu, a noite chegando; de braços cruzados, sem ter o que pensar e dizer. Observava o olhar dela alcançar alguma pessoa. Escutava seus comentários, sem opinar. Ela me divertia, pois sempre tinha uma observação inesperada, engraçada. "Aquela família me lembra uma gravura do século XVI!" E batia os pés na água, balançando as pernas. "Estou com fome, com sede, com frio, e cansada de esperar."

Ele, nada de aparecer. Já escurecia. Não adiantava olhar para o mar, nunca o veríamos, se voltasse por lá. "Ele sempre faz isso", disse ela, agora sem olhar para ninguém, apenas mexendo os pés dentro da água. "Cuspir no mar não faz mal algum, faz?"

Um menino passou numa bicicleta e gritou: "Não adianta esperar por ele, ele não vem mais!" E se foi, ziguezagueando, marcando a areia com paralelas que davam vontade de ir atrás.
 




Foto: Lorena Martins (Facebook) Anterior  FRICÇÕES  Próxima Postado 09/setembro/2009

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