José Paulo Paes é poeta, tradutor, crítico e ensaísta. Nasceu em Taquaritinga, estado de São Paulo, em 1926. Cursou o ginásio em Araçatuba. Assim que o concluiu fez um curso técnico de química.

Trabalhou durante anos em um laboratório farmacêutico. Teve também uma longa experiência de editor, sobretudo na Cultrix. Aposentado passou a dedicar-se com disciplina e energia ímpares aos projetos de tradução. Sua estréia na poesia foi em 1947 com o livro O Aluno, com capa de Carlos Scliar e que reproduzimos aqui. Tomou o caminho modernista na mesma síntese formal e humor de Oswald de Andrade. Foi amigo de Nonê de Andrade que por sua vez apresentou-lhe o pai, Oswald de Andrade, então vivendo um período de ostracismo.

Como poeta ganhou um dicção muito própria, depurada de todos os excessos. Como tradutor trabalhou com nomes mais representativos de Ovídio a Hölderlin, passando por poetas gregos, latinos, franceses e ingleses. Suas traduções, sempre acompanhadas de ensaios introdutórios e notas de grande interesse, são uma verdadeira lição de rigor e sensibilidade poética. Incansável, atualmente está aprendendo dinamarquês. Quando diz que está aprendendo, na verdade, José Paulo Paes já tem algum projeto sendo executado.

No ano passado, completou 70 anos. Casado com Dora, uma mulher admirável, vive em São Paulo em uma casa aconchegante na companhia de gatos, livros e música clássica. Nesses 50 anos de dedicação, José Paulo Paes ganhou o respeito de todo meio literário. Conquistando seu prestígio silenciosamente, sem estardalhaço, é apontado por poetas e escritores jovens como um dos grandes incentivadores dos novos talentos.





José Paulo Paes

(22.07.1926 – 09.10.1998)

 

 

Cronologia

 

 

1926 – José Paulo Paes nasce em Taquaritinga (SP), no dia 22 de julho,

            primeiro filho de Diva Guimarães e Paulo Artur Paes da Silva.

 

1933 – É alfabetizado no Grupo Escolar de Taquaritinga.

 

1942 – Conclui o ginasial no Ginásio de Araçatuba.

 

1944 – A fim de estudar no Instituto de Química do Paraná, muda-se

            para Curitiba, onde passa a freqüentar o Café Belas-Artes,

            ponto de encontro de escritores, jornalistas, artistas plásticos

            e músicos de sua geração.

 

1946 – Torna-se colaborador da revista Joaquim, fundada e dirigida

            pelo escritor Dalton Trevisan.

 

1947 – Com projeto gráfico do pintor Carlos Scliar, publica O Aluno,

            seu primeiro livro de poemas. Participa, em Belo Horizonte,

            do II Congresso Brasileiro de Escritores, onde faz contato com

            James Amado, Graciliano Ramos e Ricardo Ramos.

 

1949 – Muda-se para São Paulo, para trabalhar como químico

            analista no laboratório Squibb.

 

1951 – Publica seu segundo livro, a plaquete Cúmplices, dedicado

            à musa de toda sua poesia, Dora Costa.

 

1952 – Casa-se com Dora Costa, então primeira bailarina do Teatro

            Municipal de São Paulo.

 

1957 – Lança As quatro vidas de Augusto dos Anjos, seu primeiro

            volume de ensaios.

  

1960 – Deixa a indústria farmacêutica e vai trabalhar na Editora

            Cultrix, onde passa a dirigir o departamento editorial. Ficaria

            nessa editora até 1982.

 

1961 – Saem os seus Poemas reunidos, trazendo os livros iniciais

            e as séries “Novas cartas chilenas” (de 1954) e “Epigramas”

            ( de 1958).

 

1980 – Publica a tradução de Sonetos luxuriosos, do italiano

            Pietro Aretino, premiada pela Associação Paulista

            de Críticos de Arte de São Paulo – APCA.

 

1981 – Lança a tradução de Poemas, do grego Konstantino Kaváfis,

            que recebe o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro.

 

1984 – Estréia na poesia para crianças com É isso aí.

 

1986 – Sai Um por todos, nova reunião de seus livros de poemas,

            com ensaio introdutório de Alfredo Bosi. Também publica

            Poesia moderna da Grécia, primeira reunião de poetas gregos

            modernos no Brasil. Neste mesmo ano, um acidente circulatório

            na perna esquerda, agravado por uma necrose no pé, obriga-o

            a amputar aquele membro.

 

1989 – Recebe a Medalha de ouro da Ordem de Honra da Grécia.

 

1992 – Participa do I Congresso de Escritores Gregos da Diáspora,

            em Delfos, Grécia.

 

1993 – Poeta convidado do Festival Internacional de Poesia

            De Copenhague, Dinamarca. Recebe o Prêmio da Associação

            de Profissionais Liberais Universitários do Brasil (Aplub)

            por Prosas seguidas de odes mínimas.

 

1995 – A Congregação da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências

            Humanas da USP outorga-lhe o título de “Notório Saber”.

 

1996 – Prêmio Paulo Rónai de tradução, da Biblioteca Nacional,

            por Gaveta de tradutor.

  

1997 – Com Um passarinho me contou, volume de poesia para

            crianças, recebe o Prêmio Jabuti de Ficção.

 

1998 – Prêmio Jabuti pela tradução de Ascese, de Kazantzákis.

            Publica Melhores Poemas, com seleção e introdução de Davi

            Arrigucci Jr. É internado no hospital Beneficência Portuguesa,

            em São Paulo, onde morre, vítima de edema pulmonar,

            no dia 9 de outubro, aos 72 anos.

  

 

(Fonte: Instituto Moreira Salles)