C A T Á L A G O



Lúcifer e outros subprodutos do medo

Whisner Fraga

Contos (e-book)

ISBN (E-BOOK): 9788562226434
Formato: ePUB
Páginas: 94
Ano: 2016
Edição digital: Ficções Editora

Edição papel: Penalux

Capa

IMAGENS DA CAPA: FRENTE

SOBRE O AUTOR

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Um famoso samba de Noel Rosa ordena: “Seja breve! Não amole! Senão acabo perdendo o controle e vou cobrar o tempo que você me deve.” Tudo bem. Eu sei que uma coletânea de mini & microcontos merecia uma apresentação menor que esta. Mas prometo que falarei o mínimo possível. Calma, Noel, serei breve.

     Italo Calvino, em suas Seis propostas para o próximo milênio, no capítulo em que fala sobre a importância da rapidez na literatura, escreveu: “Borges & Bioy Casares organizaram uma antologia de Histórias breves & extraordinárias. De minha parte, gostaria de organizar uma coleção de histórias de uma só frase, ou de uma linha apenas, se possível. Mas até agora não encontrei nenhuma que supere a do escritor guatemalteco Augusto Monterroso: ‘Cuando despertó, el dinosaurio todavia estaba allí’”.

     Igual a Kafka, Borges, Cortázar & Calvino, os ficcionistas brasileiros sempre gostaram do conto curto, de duas, três páginas no máximo. Então, no final do século passado, esses miniaturistas tupiniquins descobriram o miniconto (de meia página, no máximo) e o microconto (de poucas palavras; às vezes, de poucas letras), e não pararam mais.

     “Lessis more”, afirmou o arquiteto Mies Van der Rohe. Essa diretiva perene fundou a arte, a música e a literatura minimalistas. O mínimo de recursos expressivos gerando o máximo de sentido. Mas a doutrina do menos-é-mais é antiga. Já no século 14 ela deu à luz o haikai e o soneto.

     Um dos pioneiros do miniconto no Brasil foi o mineiro Oswaldo França Júnior, com a coletânea As laranjas iguais, de 1985. Outro pioneiro foi Dalton Trevisan. Durante toda a sua vida literária, o ficcionista paranaense praticou o conto curto. Mas na coletânea Ah é?,de mini µcontos, publicada em 1994, essa prática mostrou-se muito mais radical.

     Em 2004, o escritor pernambucano Marcelino Freire celebrou o microconto organizando uma importante antologia intitulada Os cem menores contos brasileiros do século. Essa antologia reúne cem escritores brasileiros do século 20, cada escritor participando com um microconto de até cinquenta letras.

     Ficção-bomba. Na era do Twitter, a nova lei é reduzir, compactar, enxugar. E explodir a inteligência do leitor. Epifania: da semente surge uma árvore.

     Finalmente chegamos à satânica coletânea de Whisner Fraga, um dos expoentes da famigerada geração zero zero.

     Lúcifer e outros subprodutos do medo é uma coleção perigosa de miniaturas cômicas, trágicas, delicadas & terríveis. O talento do miniaturista para a concisão e a maldade é inegável. Cada página é uma emboscada. Sem piedade, mestre Whisner borrifa em nossos olhos a amargura do mundo. São grãos de areia – ou pólvora – que ardem tanto quanto um aforismo de E.M. Cioran.

     Alumbramento demoníaco: ironia & irreverência em poucas palavras. Todas programadas pra cegar.

PREFÁCIO
Luiz Bras



UMA COLEÇÃO PERIGOSA DE MINIATURAS CÔMICAS, TRÁGICAS, DELICADAS & TERRÍVEIS


Escrever pouco, falar pouco, evitar espalhar-se em excessos para que a tensão não se perca, como uma corda estendida ao máximo. Às vezes, alongar demais o discurso em divagações e digressões faz o impacto desmaiar; desdobra-se em uma lonjura tola o que poderia ser curto e infinito — a lei da rapidez de Italo Calvino, em Seis propostas para o próximo milênio, encontra aqui, nesta obra de Whisner Fraga, um exemplo curioso.


Claudia Nina
Jornal Rascunho


TRATA-SE DE UM AUTOR CUIDADOSO COM AS PALAVRAS, EM NOME DE UMA 'ARIDEZ EXASPERANTE', COM URGÊNCIA EM RECUSAR OS CLICHÊS


Medo, essa peste cáustica, irresistível, como música boa emperrada no replay. Tem gente que escreve sobre isso. Gente que escreve bem, se deixa deslizar na direção do macabro, confiante que vai parar a uma ponta de nariz do momento certo. Ou que, melhor ainda, resolve pisar no chão comum da cena urbana, diuturna, e contar às pessoas, agitadas de medo, que o medo as assiste de fora, e não só de dentro.

     Este, o que se propõe a ser o contista do medo, bem sabe que seu trabalho de escrita é um jantar com o diabo. O contista e o contador, frente a frente, olhos crispados em desafio e sub-reptícia diversão. Parte da comida deve estar envenenada, bem imagina o precavido contista, mas não há muito que fazer. Mais esperto é o minicontista, que come pouco, escreve pouco, não dilui o impacto que quer causar e sai da mesa com mais confiança de sobreviver.

     (Publicam-se os contos. Os minicontos. Ninguém morre).

     Whisner Fraga não é só mais um minicontista; é alguém que desvenda o mistério do jantar, e sabe que pouco importa se o diabo envenenou a comida ou não, uma vez que antes os talheres já foram envenenados pelo medo. Medo que nem sempre mata rápido: antes, anima, induz, encoleriza, promete, desanda, reage, estraga, move, aperta, reanima, mina, verte e produz o bizarro desejo que as pessoas têm de viver.

     Em todas as páginas uma vívida paisagem brutalista, em toda parte o desejo de causar. Causar dor, causar inveja, arrepio, emoção e libertação. Difícil não apreciar os minicontos de Fraga. Cozidos no comedouro de Lúcifer, estão assustadoramente humanos.

ORELHA
João Victor Lemos França


DIFÍCIL NÃO APRECIAR OS MINICONTOS DE FRAGA. COZIDOS NO COMEDOURO DE LÚCIFER, ESTÃO ASSUSTADORAMENTE HUMANOS


Whisner Fraga é natural de Ituiutaba (MG) e tem 44 anos. É autor de "abismo poente" e "Coreografia de danados", entre outras obras. Participou das antologias "Cem menores contos brasileiros do século", organizada por Marcelino Freire e "Geração zero zero", que mapeou os melhores escritores brasileiros surgidos no início deste século. Tem textos traduzidos para o inglês e o alemão.

Outros livros do autor:

:: the setting chasm
:: abismo poente
:: Sol entre noites
:: Coreografia de Danados
:: Moenda de silêncio, com Ronaldo Cagiano
:: Cidade devolvida, A
:: Espirais de outubro, As
whisnerfraga@gmail.com
www.facebook.com/whisner.fraga


O AUTOR

Reprodução




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