O ALUNO
José Paulo Paes
(Poemas reproduzidos
conforme a edição de 1947,
respeitando-se a ortografia original)




O ALUNO


São meus todos os versos já cantados:
A flor, a rua, as músicas de infância,
O líquido momento e os azulados
Horizontes perdidos na distância.

Intacto me revejo nos mil lados
De um só poema. Nas lâminas da estância
Circulam as memórias e a substância
De palavras, de gestos isolados.

São meus também, os líricos sapatos
De Rimbaud, e no fundo dos meus atos
Canta a doçura triste de Bandeira.

Drummond me empresta sempre o seu bigode,
Com Neruda, meu pobre verso explode
E as borboletas dançam na algibeira.



| POEMA ANTERIOR | VOLTAR AO LIVRO | TODOS OS POEMAS | INÍCIO |