O ALUNO BALADA Folha enrugada, poeira nos livros. A pena se arrasta no esfôrço inutil de libertação. Nenhuma vontade nem mesmo desejo na tarde cinzenta. A árvore sêca esperando seiva não tem paisagem. Na frente é o deserto coberto de pedras. Nem sombra de oasis. Pobre árvore sêca na tarde cinzenta! Se houvesse um castelo com torres e dama de loiros cabelos, talvez eu fizesse algum madrigal. Mas a dama morreu, os castelos se foram na tarde cinzenta! O caminho se alonga por entre montanhas, por campos e vales. Talvez me conduza ao roteiro perdido no fundo do mar. Mas estou tão cansado na tarde cinzenta! Não sou lobo da estepe; amo a todos os homens e suporto as mulheres. Contudo não posso falar com os lábios amar com o sexo, porque sinto a tortura da tarde cinzenta! Só me restam os livros. Vou ficar com êles esperando que chegue do fundo da noite, das sombras do tempo, oh! imenso mar vem me libertar da tarde cinzenta! |